Ei, amigo, me deixe passar. Me deixe seguir em frente, rumo ao que ainda não vivi. Quero rever esta rua mais uma vez. Ou duas, ou três. Se liga, rapaz. A vida que termina aqui, na beira da estrada, é a vida que não deu em nada. Tem jeito mais esperto de passar por aqui e seguir em frente, sem deixar que o amanhã se perca de repente. Se toca, rapaz. No meio da faixa, no canto da rua, colado no muro, um letreiro te avisa: ninguém vai herdar o teu futuro.
Segurança
Uma questão de se cuidar
Frases que poderiam estar por aí, soltas no ar, para saltar aos olhos no instante exato em que alguém decidiu ultrapassar (e não era o instante exato.) Ou para trazer o segundo que faltou entre o bocejo e o assobio da freada. Um segundo talvez bastasse, nada mais:
Contando, ninguém acredita: você sabia que, há alguns anos, quando a segurança no trânsito começou a se tornar motivo de debates, teve gente que se colocou contra medidas que, hoje, nos parecem as mais óbvias do mundo? Em países mais desenvolvidos e com uma história de trânsito bem mais extensa que a nossa, não foram poucos os casos de condutores que acionaram a justiça para preservar seu direito... de não usar o cinto de segurança!

O principal argumento que movia esses condutores era o de que, com o cinto de segurança, perdia-se a sensação de liberdade que sempre acompanhava o ato de dirigir. Um detalhe fundamental: os condutores que questionavam o uso obrigatório do cinto eram exatamente os donos dos conversíveis, os veículos mais vulneráveis em caso de acidente!
“O perigo no uso do celular começa quando ele toca. Isso atrai e divide a atenção das pessoas e pode ser determinante em uma situação de risco, podendo, inclusive, resultar em acidente. Dirigir e falar ao celular ao mesmo tempo aumenta em até 75% o risco de acidentes. Isso porque o motorista passa a ter o pescoço engessado segurando o celular, negligencia os sinais de trânsito e até erra o comando, às vezes tem que frear e acelera. Isso aumenta muito o risco de acidentes.”
O começo da história
O cinto de segurança foi inventado na Segunda Guerra Mundial para evitar que os pilotos morressem ao serem arremessados para fora da cabine nos casos de pouso forçado. Nos carros, começou a ser usado ao longo dos anos 1960 e 1970.

No Brasil, o cinto só passou a ser obrigatório a partir de 1998, com a regulamentação do Código de Trânsito Brasileiro.
Com toda essa mudança de mentalidade, tanto de quem fabrica quanto de quem usa veículos, era de se esperar que o trânsito vivesse, hoje, um tempo de grande segurança a tranqüilidade. Mas as coisas não são tão simples. Mudaram os tempos, renovaram-se as preocupações. Os problemas antigos continuam, mesmo que em menor escala. O cinto de segurança salvou muitas vidas nas últimas décadas, assim como diversas novas estratégias e medidas de prevenção de acidentes. Mas outros problemas surgiram. E alguns são bem recentes, tão jovens quanto você. Se não fossem assim...
Mas nem sempre a indústria automotiva se preocupou com a segurança. E muita gente teve que falar grosso para que o mundo acordasse para o problema!
E tudo seria mais fácil se todos esses atos se resolvessem com um simples aconselhamento, não é? Infelizmente, não é assim que ocorrem. Da mesma forma que não se resolve o problema com multas – embora eles sejam importantes – ou fiscalização. Mas duro ainda é reconhecer que, em muitos casos, não há nem tempo de se tentar reeducar o condutor. O erro pode ter sido irremediável.

A força do impacto de uma colisão a 50 km/h corresponde a 35 vezes o peso de uma pessoa. Se você pesa 75kg, por exemplo, a força do impacto será de mais de 2600 kg. É claro que uma pessoa não consegue se segurar com esse impacto. É o cinto de segurança que faz esse papel. Para os passageiros ou crianças no banco de trás, vale a mesma regra.
Novos tempos. Velhos hábitos?
Hoje em dia, é difícil imaginar que alguém daria ouvidos a quem prefere ficar com o corpo solto dentro do veículo para se sentir livre ao volante. Os tempos são outros, assim como as preocupações. A consciência do motorista do século XXI avançou, e muito, em termos de cuidados com a segurança.

A indústria automotiva, por sua vez, procurou acompanhar as tendências e investiu em tecnologias que buscam, antes de mais nada, preservar a vida de quem está dentro do carro. Itens como air-bag e barras de proteção de estrutura tornaram-se motivo de apelo promocional nos novos modelos!
Quem pode dizer que nunca teve uma pessoa querida envolvida em acidente de trânsito? Sorte se ela ainda estiver ao seu lado...
É provável que você, por ser ainda muito jovem, não se lembre da época em que as pessoas não possuíam telefone celular. Acredite, não faz tanto tempo. E o mundo girava mesmo assim! Hoje em dia, parece que algumas pessoas dependem tanto do telefone celular que são incapazes de aguardar alguns minutos para estacionar o veículo e atender a uma chamada.

Daqui a alguns anos, certamente, esse hábito parecerá tão absurdo quanto a recusa dos antigos condutores em usar o cinto de segurança. Mas hoje em dia muita gente ainda pode ser prejudicada. O uso do celular ao volante é um exemplo dos comportamentos que surgiram nos últimos anos e que exigem, dos novos condutores, um verdadeiro aprendizado de novas posturas defensivas.
Sobre motociclistas e motociclistas...
Quem poderia afirmar, com absoluta certeza, que nunca viu...
Uma distração ao volante? - | - Um gesto de imprudência? - | - Uma brincadeira inconseqüente? - | - Uma atitude precipitada?
Ver e ser visto no trânsito! A segurança do motociclista depende muito de ser visto pelos motoristas. Andar sempre com os faróis acesos, de preferência com coletes refletivos e capacetes aprovados pelo Contran, ajuda a tornar a motocicleta mais segura!
“Sem essa! Eu detesto álcool, não tenho nada a ver com isso.”
Outros problemas, não tão novos assim...
A legislação, hoje, é muito mais rigorosa. As penas, muito mais pesadas. Mas o consumo de álcool continua ocupando um triste lugar de destaque na estatística de causas de acidentes. Ainda vai demorar muito para que o mundo enxergue a luz no fim do túnel com relação a esse problema. Um problema que diz respeito a você, muito especialmente.
Trânsito e celular: uma mistura perigosa
Está provado que o cérebro humano não se concentra em duas ações ao mesmo tempo. Dirigir falando ao celular pode ser a causa de inúmeros acidentes. Veja o que diz sobre o assunto David Duarte, doutor em segurança no trânsito:
A realidade em números
Mais veículos, mais cuidados ao dirigir
A realidade que você, futuro condutor, vai encontrar nas estradas brasileiras é mais complexa do que aquela que seus pais viveram quando tinham sua idade. Isso exigirá de você muito mais atenção e responsabilidade. Hoje em dia, por exemplo, alguns veículos se multiplicaram em velocidade espantosa.

As motocicletas, por exemplo, eram em muito menor número há vinte anos. E, tanto para o motorista de automóveis quanto para o motociclista, a convivência entre pequenos e grandes veículos exige muita, muita atenção.
Mais números!
Sim, o álcool pode estar bem distante, especialmente no caso de você ainda não ter atingido a maioridade. Mas tenha certeza: ele está próximo, assim como a turma, a balada, a paquera... Porque você anda de carona, divide a mesma faixa com outros motoristas, compartilha os mesmos espaços com quem bebe e dirige. Enfim, você pode responder por sua própria conduta, mas não pela dos outros.

Fique atento: bebida e direção formam uma das mais mortais combinações do trânsito.
Fazendo a diferença - Projeto Amigo da Vez!
O amigo da Vez é um projeto do Ministério dos Transportes e foi lançado nas cidades de Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo, em novembro de 2000. O projeto parte de uma ideia simples que já é sucesso em outros países.

Trata-se de uma ação em bares e restaurantes frequentados por jovens e adultos, com o objetivo de disseminar entre os frequentadores o hábito de eleger um integrante do grupo que não vai ingerir bebida alcoólica e será o responsável pela condução dos demais, o chamado Amigo da Vez!
A boa novidade: direção defensiva
Nem tudo são problemas para quem vai começar a dirigir em pouco tempo. A realidade do trânsito tornou-se mais complexa, mas muita coisa, como você já viu, mudou em termos de comportamento dos motoristas. O exemplo mais significativo dessa mudança é o surgimento da prática de direção defensiva.

A direção envolve um conjunto de procedimentos e práticas que têm por objetivo dar ao motorista condições de antecipar e prevenir acidentes. Essas práticas vão desde cuidados básicos com o veículo até a melhor atitude a tomar no caso de motorista se deparar com um acidente de trânsito.

Mais do que isso, a direção defensiva surgiu juntamente com a preocupação com a segurança, o motorista de hoje se preocupa em dirigir sem agredir – nem a quem divide a via com ele, a bordo de outro veículo, nem a quem cruza a faixa caminhando mais lentamente que o normal, como é o caso dos idosos. E, tão importante quanto, sem agredir o meio ambiente com veículos poluentes e atitudes descuidadas. Lixo na via, nem pensar!
Uma questão de consciência...
O Código de Trânsito Brasileiro não impõe uma idade limite para que o cidadão pare de dirigir. A decisão de deixar de dirigir cabe a cada idoso e a sua consciência. Veja o depoimento do Augusto Mesquita, 90 anos, aposentado de São Paulo:
“Tirei minha carteira de habilitação em 1947 e dirigi até 2005. Naquela época, o trânsito era mais tranquilo. Tive só três multas durante todo esse longo trajeto de vida. Sempre tive consciência de mim mesmo, do que eu posso e não posso fazer.Tomei a decisão irrevogável de não dirigir mais, porque tenho consciência de que não tenho mais condições de dirigir como dirigia há dez anos atrás. O meu dia-a-dia sem o carro é normal, vou andar, fazer minha caminhada todas as manhãs. Depois, pego o metrô e vou até a cidade, vou passear, vou ao cinema, gosto muito de sair com minha neta.”