Uma conversa sobre meios de transporte
Muito longe ou muito perto? Depende de aonde você quer chegar. Depende do tamanho do seu sonho: Se é grande, para abraçar o mundo, Ou se cabe em qualquer lugar. Muito longe ou muito perto? Depende de quem nos espera por lá. De carro, de navio, de avião, Qualquer viagem começa Pelos caminhos do coração.
Sobre Rodas
A esta altura de nossa conversa, não dá nem para pensar em desafio. Todo mundo sabe o que são meios de transporte, claro.

E todo mundo poderia dar vários exemplos de veículos usados para locomoção. Mas, até pelo fato de ouvirmos tanto sobre o assunto, vale a pena pensar um pouco mais a respeito.

Será que os meios de transporte são apenas isso: instrumentos usados no decorrer dos tempos para deslocar coisas e pessoas de um ponto a outro? Qualquer pessoa mais esperta, ligada nas questões atuais, vai responder imediatamente que não.

Porque o meio de transporte – como o automóvel, por exemplo – tem um significado muito mais amplo nas sociedades modernas.

Você já deve ter ouvido alguém afirmar que vivemos numa sociedade sobre rodas. É uma verdade. Desde o advento da modernidade vivemos na civilização das máquinas, dos mecanismos, dos engenhos mecânicos e eletrônicos. E vivemos de forma cada vez mais acelerada, com a tecnologia ocupando papel cada vez maior em nossas vidas.
Uma coisa leva a outa... Quando isso começou? Não há uma data exata a se assinalar. Mas alguns momentos decisivos da humanidade, como o período das grandes navegações, constribuíram para que a humanidade se pusesse cada vez mais em movimento. Uma coisa leva a outra e, não muito depois, a Revolução Industrial veio colocar definitivamente o mundo nas “rodas do progresso”.
Máquinas, artefatos, mecanismos, engenhos, engrenagens, rodas...
Sim, os meios de transportes representam isso, e muito mais. Nem precisamos de gabarito de respostas. Isso acontece porque, conforme já dissemos, o automóvel representa muito mais do que um simples meio de transporte nos dias atuais.

Dependendo do contexto, um automóvel pode representar tudo isso. Então, foi-se o tempo em que os meios de transporte eram vistos apenas pela sua função utilitária imediata ok? Eles representam muito – desde símbolos de status e de passagem para a maturidade até a condição de grandes culpados pelos transtornos da vida nas grandes cidades.

O primeiro automóvel com motor a explosão a rodar no Brasil foi o de Santos Dummont. Ele comprou um Peugeot em Paris e o trouxe na bagagem. O carro logo se tornou uma paixão de família.

Henrique, seu irmão, foi o primeiro condutor de São Paulo. Também foi o primeiro brasileiro a fazer uma reclamação das más condições das estradas e ruas ao poder público:
“Após qualquer excursão, pois mais curta que seja, são necessários dispendiosos reparos no veículo devido à má adaptação de nosso calçamento, pelo qual são prejudicados sempre os pneus das rodas”.
Garantia de sucesso, garantia de problemas?
Imagine se todo cidadão tomasse como meta ter seu próprio meio de transporte. Como ficariam os espaços urbanos dentro de poucos anos? Não é preciso um grande esforço de imaginação para prever que as coisas não ficariam muito fáceis.
Hoje em dia, os veículos já ocupam uma imensa área no espaço urbano. O espaço reservado para as vias e estacionamentos compete com as áreas reservadas às pessoas! As cidades se organizam em torno das vias. E as que não se preparam a tempo para enfrentar o crescimento de suas frotas pegam o preço na forma de engarrafamentos, altos índices de acidentes e outros prejuízos. O automóvel, que nasceu como solução para o problema das grandes distâncias, tornou-se, ele mesmo, um problema.
PROMOVE: Você conhece?
Em função do aumento da produção de motocicletas no Brasil, o Conselho Nacional do Meio Ambiente criou, em 2002, o PROMOVE, um programa que tem por objetivo reduzir a emissão de poluentes pelas motocicletas. Já existem duas fases do programa implementadas.

A próxima fase está prevista para 2009, quando todas as motos sairão de fábrica equipadas com catalisador e injeção eletrônica, o que fará grande diferença no ar que se respira nas grandes cidades.
Fazendo a diferença: Lorena, capital das bicicletas disciplinadas
Algumas cidades do Brasil demonstram, com ações simples e inteligentes, como é possível contribuir para um trânsito organizado e condizente com a qualidade de vida esperada por todos. Lorena, em São Paulo, é um exemplo perfeito. Veja o que diz Marcelo Augusto Pazzini, do Departamento de Trânsito e Transporte da cidade:

“Lorena é uma cidade com cerca de 82 mil habitantes e 70 mil bicicletas, o que dá uma média per capta de praticamente uma bicicleta por habitante. Pensando nisso, a Prefeitura viu a dificuldade que era o trânsito, principalmente na região central da cidade. Então, nós criamos uma legislação regulamentando e disciplinando o trânsito de bicicletas dentro do município. O ciclista hoje é obrigado a registrar e emplacar sua bicicleta. Tudo isso contribui para a diminuição de acidentes envolvendo motoristas, ciclistas e pedestres. Lorena quer ser conhecida não apenas como a capital das bicicletas, mas capital das bicicletas disciplinadas.”

E o impacto ambiental? Ponto contra o automóvel...
Aos poucos, o mundo moderno aprende a conviver com um novo modelo de organização social, no qual o meio ambiente ocupa espaço importantíssimo. As mudanças climáticas tomam as manchetes dos jornais e, de ano para ano, nos surpreendem e assustam cada vez mais. Em função disso, as nações e governos buscam, cada vez com maior insistência, soluções para o problema da poluição ambiental. É ai que entram as discussões sobre emissão de poluentes das gigantescas frotas espalhadas pelo mundo todo.
Emissão de poluentes... Que problema, não? A questão da poluição atmosférica é grave o bastante para ocupar todas as nossas páginas.
E quem pensa que a responsabilidade das grandes frotas terina aí, está enganado. Outros tipos de poluição castigam duramente a qualidade de vida dos grandes centros urbanos. Desde a agressão visual do excesso de letreiros nas vias, a redução da área de drenagem do solo, até o incômodo terrível da poluição sonora. O que fazer? Que soluções adotar para amenizar os efeitos nocivos do tráfego intenso? As respostas passam por vários caminhos. Passam pelos governos e pelas pessoas...
Da parte do governo, ações conjunturais...
Muitos países ao redor do mundo estão pensando em alternativas para redução da emissão de poluentes pelos veículos. O Brasil ocupa uma posição de grande destaque nos debates, porque possui a solução energética mais desenvolvida do planeta: o etanol, álcool combustível produzido a partir da cana-de-açúcar. Cabe aos governos transformar essa e outras possíveis fontes de energia em alternativa concreta aos combustíveis fósseis, produzidos a partir do petróleo.

Do Brasil para o mundo...
O investimento do Brasil na pesquisa de biocombustíveis tem despertado o interesse crescente da comunidade internacional. Veja o que diz o Dr. José Alcides Martins, Gerente Executivo de Biocombústiveis da Petrobrás: “Os biocombustíveis – álcool, biodiesel e gnv – entraram na matriz energética em substituição aos combustíveis de petróleo. Todos eles têm, como principal caracteristica, a ausência do enxofre. O enxofre é o elemento causador da chuva ácida.”

Um exemplo de esforço individual
Maurício Waldman e Bia Costa são professores universitáros que moram na Aclimação, em São Paulo. Eles levam a vida da maioria dos brasileiros: trabalham, passeiam, enfim, transitam pela cidade diariamente, como parte de sua rotina. E acredite, tudo isso sem carro!
“Dá para viver muito bem sem carro”, diz Bia.
“Sempre estimulamos as pessoas a usarem ônibus, pegarem carona, transporte solidário. Nós acreditamos que este é um papel que devemos assumir em defesa do meio ambiente hoje. Claro, não dá para transformar tudo de uma hora para outra. Mas dá para ir aos poucos minimizando o impacto que a gente gera no ambiente”.
E da parte de cada um? Consciência...
| - maior economia de combustível - | - maior durabilidade das vias públicas - | - menor número de carros nas ruas
| - menos emissão de poluentes - | - menor ocorrência de engarrafamentos, acidentes - |
Um carro médio conduz, sem grandes incômodos, cinco pessoas. Imagine, então, se os grupos de colegas de trabalho, estudantes, amigos, vizinhos, se organizassem para dividir os veículos. O resultado seria...
A carona solidária é apenas a nova fase de um velho e consagrado recurso: o transporte compartilhado. Uma cidade com boas soluções em transporte coletivo ganha em qualidade de vida em todos os sentidos.
Fazendo a diferença! De ônibus
Uma iniciativa bem-sucedida em termos de transporte público no Brasil é o sistema de transporte coletivo de Curitiba. Implantado nos anos 1970 com a preocupação de privilegiar o transporte de massa, o sistema é reconhecido por aliar baixo custo operacional e serviço de qualidade.

A tarifa integrada é o grande diferencial do transporte curitibano, permitindo deslocamento para toda a cidade pagando apenas uma passagem. Cada usuário compõe seu próprio percurso, já que o sistema é integrado por meio de terminais e estações-tubo.
Você sabia?
- O sistema de transporte coletivo de Curitiba tem mais de 2 milhões de usuários.
- No metrô de São Paulo, circulam diariamente 3 milhões de passageiros.
Em muitas cidades modernas, dirigir o próprio veículo tornou-se quase sinal de mau-gosto. As pessoas se acostumaram a usar táxi, metrô e ônibus para seus deslocamentos rotineiros. É mais barato, seguro e menos desgastante. Automóvel? Só em último caso.

Anote e acompanhe o aperfeiçoamento dos transportes coletivos em sua cidade: é para eles que o mundo vai caminhar!
Um país que precisa se deslocar!
Sobre os transportes públicos, veja o que diz Eduardo Vasconcelos, da ANTP (Agência Nacional de Transporte Público)

“O Brasil é um país muito grande, com uma população muito diversificada e que sempre precisou de transporte. Transporte coletivo é vital para a população porque a maior parte não dispõe de meios de locomoção e precisa do transporte público para estudar, para ir à escola, ir ao médico.

Também é muito importante melhorar as condições de trânsito, em geral para atrair as pessoas que usam automóveis, para que elas passem a usar mais o transporte público. Isso é muito bom para a sociedade, pois reduz os congestionamentos e os acidentes de trânsito.

Deslocamentos a pé, de bicicleta e de carroça são os mais comuns no mundo. Somente nos últimos 100 anos surgiram os veículos motorizados, como ônibus, metrôs e motocicletas. Essa evolução nos meios de transporte, que foi relativamente rápida, trouxe vantagens para as pessoas, mas trouxe também muitos problemas, como poluição e congestionamentos.”